domingo, 19 de setembro de 2010

Os frutos.

Palavras que de mim brotavam,
Agora, tem suas raízes secas.
Elas padeciam vivas, passivas.
Escureço e amargo, enrijecida.

Minha casca oca, e galhos a titubear,
Que buscam d'alma esquecida,
Uma única gota ali encontrar;
Do escasso néctar, da inspiração apodrecida.

Passaram-se estações.
Como se eu fosse banal.
De minhas folhas foi tirada a beleza.
Estou murcha e frágil.

Nem uma flor aqui brota.
E ao meu caule inútil, resta envelhecer.
Se foram os propósitos, a luta.
Vou embora devagar, aos restos.

Mas ainda estou aqui, em algum lugar.
Ao redor e dentro. Em fragmentos.
Disperça então, em galhos;
Onde não haverão mais frutos.

Juliana Lima.

Um comentário:

Gian Le Fou disse...

'Mas ainda estou aqui, em algum lugar.
Ao redor e dentro.'

Genial isso. Aliás, o poema todo está ótimo.

Beijos!